Olá. Como podemos ajudar?

Citações

As citações são menções que o autor faz a textos de outros autores. Elas são diretas, quando a citação reproduz fielmente as palavras do autor-fonte, ou indiretas, quando o autor do original parafraseia o autor que está sendo citado.

O sistema de citações utilizado em um original é consistente ao longo de todo o livro, não sendo alterado de um capítulo para outro.

A Edufes serve-se da norma ABNT (NBR 10520/2002) para padronizar as citações. Qualquer omissão quanto a essa questão neste manual será dirimida consultando-se a referida norma.

Citações diretas

Citações diretas reproduzem fielmente as palavras do autor-fonte.

Caso haja citações diretas nas seções pré ou pós-textuais, elas são referenciadas no rodapé ou logo no fim do texto; e não no fim do livro na mesma seção das referências da edição.

Se uma citação parecer incoerente, tenta-se encontrar sua fonte para conferir se foi transcrita corretamente. Se não for possível, adverte-se o autor sobre os problemas encontrados.

Quando recuar a citação direta

Citações diretas com mais de três linhas são destacadas do texto principal, recuadas quatro centímetros a partir da margem esquerda, sem aspas e com um corpo um ponto menor (tamanho 11) do que aquele da fonte utilizada no desenvolvimento da obra.

Se, no Word, a citação tiver exatamente três linhas, o preparador aplica o recuo removendo as aspas, pois o livro diagramado tem uma mancha textual mais estreita.

Para verificar a extensão da citação em questão, o diagramador a destaca do restante do texto, sem aspas ou recuo na primeira linha, desconsiderando a chamada de referências e mantendo as configurações de tamanho de letra e espaçamento usadas no parágrafo de que ela participa. Se ela ocupar menos de três linhas completas, não precisa ser recuada, como no exemplo abaixo:

Citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação (REFERÊNCIAS, 2020, p. 65).

Formatação da citação direta recuada

Pode ser criado um estilo Citação no Word em que o preparador esteja trabalhando e aplicado ao parágrafo das citações recuadas, atentando-se para a preservação dos itálicos do trecho, quando estiverem corretamente aplicados.

Em vez de uma entrelinha de espaço entre o texto normal e a citação, o parágrafo é formatado com um espaçamento de parágrafo de 8 pontos.

As características do parágrafo de uma citação recuada são descritas no quadro a seguir:

fonteTimes New Roman, normal, 11 pt
recuoà esquerda, 4 cm; sem recuo de primeira linha ou deslocamento
alinhamentojustificado
espaçamento1,5 cm
espaçamento depois8 pt

Uso de aspas na citação recuada

Se houver algum termo ou trecho entre aspas na citação destacada, elas são duplas:

  • A mensagem publicitária […] lança mão amiúde da ambigüidade como recurso eficaz, que causa impacto. Há vários anos, um fabricante de azeite de oliva anunciou em grandes cartazes de rua: “A Carbonell foi pro vinagre”. Ora, em linguagem coloquial, ir pro vinagre pode significar “morrer”, “dar-se mal” ou coisa do gênero. Mas, na verdade, a indústria queria dizer exatamente o contrário: além de fabricar azeite, passou a produzir vinagre (PINTO, 1993, p. 14-15).

Uso de aspas na citação direta não recuada

Usam-se aspas simples em termos aspados dentro de aspas duplas:

  • Segundo Berman (1998, p. 74), as nações de hoje, “qualquer que seja a ideologia nelas reinante, veem a si mesmas como ‘subdesenvolvidas’ e encaram o desenvolvimento rápido, heróico, como prioridade absoluta”.

Transcrição ipsis litteris

Em livros da área de história, é comum a inclusão de citações redigidas em um português antigo, de época. A Edufes costuma manter a transcrição dessas citações exatamente como figuram no texto-fonte, embora o autor possa optar por atualizá-las.

Também citações diretas de textos anteriores ao Novo Acordo Ortográfico de 1990 mantêm a grafia desatualizada. O ideal é que o autor sempre procure citar as edições mais recentes de uma obra, mas, se isso não ocorrer, não se farão ajustes de ortografia no texto.

Embora se mantenha a ortografia, pontuação e uso de maiúsculas e minúsculas como constavam do original, os destaques com negrito ou sublinhado são alterados para itálico, padrão da Edufes, a não ser que estejam sendo utilizado como forma de contrastar com outros termos já destacados em itálico.

[sic]

Quando houver equívocos linguísticos ou informações equivocadas na citação direta, pode-se incluir a notação [sic] logo após o trecho problemático, entretanto o preparador se mantém atento para não agir como um inquisidor da norma padrão, apontando qualquer deslize sem necessidade.

Se a citação é compreensível para o leitor, não causa nenhuma confusão ou desinformação, não há razões para incluir a palavra latina. Utilizar a expressão nos desvios da norma padrão que estão enraizados na língua soa antipático, esnobe, desagradável e dá o direito a outro de utilizar o mesmo [sic] em qualquer deslize que o profissional de revisão não haja detectado no texto que preparou quando este for citado. Só o utilize quando o erro for ortográfico ou possa gerar alguma incompreensão.

A seguir, apresentam-se exemplos em que o sic é dispensável e em que ele é necessário.

Uso exagerado do [sic]:

  • ao se apontar um deslize sintático na escrita do texto – em que o trecho sublinhado deveria ter sido redigido, de acordo com a norma tradicional, “ao mesmo tempo que se apresenta” –, já que o equívoco não causa problemas na compreensão:
    • “[A família é] a passadora dos valores culturais e espirituais, ao mesmo tempo em que apresenta-se [sic] como o cenário de construção da identidade e do sentimento de pertencimento.”
  • ao se apontar uma regência inadequada, mas comum na língua:
    • “Todas essas questões implicaram na [sic] perda dos seus direitos civis.”

Relevar esse tipo de desvio da norma tradicional em uma citação direta não implica deixar de corrigir os mesmos desvios no original que está sendo preparado.
O autor, em geral, vê o revisor como um profissional que lhe auxiliará na escrita mais correta possível, e não se negligencia essa expectativa acreditando estar respeitando o estilo do autor, porque, em geral, o autor ficará decepcionado caso alguém lhe aponte um problema no texto que ele confiou a um revisor.
Existem, evidentemente, aqueles autores que exigem que os desvios da norma se mantenham em seu texto por opção; esta é uma escolha que lhe cabe e que deve ser conversada entre ele e o revisor, não se tratando de um pressuposto da atividade de preparação.

  • ao se apontar um provável erro de digitação, que pesa mais contra o revisor do texto citado, se houve, do que contra o autor do texto:
    • “Segundo os pesquisavores [sic]…”

Em casos como este último, recomenda-se simplesmente corrigir a evidente gralha na citação.

Uso necessário do [sic]:

“Em 1928, o pintor esteve na Itália. Voltou apenas dez anos mais tarde, durante a Segunda Guerra Mundial [sic].”/ “Não farei excessões [sic] durante o processo.”/ “O reitor interviu [sic] na situação.”

No primeiro exemplo, é importante evidenciar o erro, pois a Segunda Guerra Mundial só se iniciou em 1939. O texto, do jeito como está, leva o leitor à desinformação de que a guerra já estava em curso em 1938. Provavelmente, o autor se equivocou ao colocar a primeira data ou calculou mal os anos entre ela e o conflito.

Outras situações de equívoco, como as dos outros dois exemplos, são avaliadas pelo preparador a fim de decidir sobre o uso ou não do sic. Se foi o autor do original quem o inseriu, mantém-se preferencialmente a observação. Ele é alertado, no entanto, em caso de uso exagerado.

Indicação da fonte

As citações, quer diretas, quer indiretas, vêm acompanhadas da indicação do texto-fonte.

A forma mais utilizada para a indicação de fonte na Editora é o sistema autor-data.

Quando há o assinalamento reiterado de diferentes fontes para uma mesma informação e em textos em que haja apenas citações indiretas, o que é relativamente comum na área da saúde, avalia-se a pertinência da eleição do sistema numérico para a indicação das fontes.

A Edufes não insere referências em nota de rodapé, portanto os termos latinos idem, ibidem ou op. cit. nunca aparecem em seus livros.

Página

Em citações diretas, o número da(s) página(s) de onde foi extraído o trecho é indicado antecedido pela abreviação “p.”, porém, em textos oriundos da internet, e-books e algumas outras fontes, inusuais, não paginadas, não é necessário adicionar qualquer notação que evidencie essa característica.

Em citações indiretas, a página pode ou não ser indicada.

A Edufes não utiliza as notações “pag.”, “pp.” e “et seq.” para a indicação de páginas.

Apud e et al.

As expressões latinas apud e et al. são grafadas em itálico, segundo a norma ABNT NBR 6023/2018, na lista de referências. Assim, a Edufes opta por padronizar o itálico nessas expressões latinas também na indicação da fonte de citações, embora a norma de citações não tenha sido alterada (ainda).

Ainda sobre a expressão apud, a Edufes não utiliza vírgula antes dela. Se o autor fizer questão, a vírgula é colocada em todas as ocorrências.

  • O então ministro da Fazenda, Antônio Palocci, indagado sobre os evidentes elementos de continuidade da política econômica anterior, respondeu ser temerário “dar cavalo de pau em transatlântico em plena tempestade” (PALOCCI apud OLIVEIRA, 2012, p. 267) e ser necessário, naquele momento, manter o prumo e o rumo do navio para agradar os mercados e evitar um desastre maior.
  • Com o PIB do país crescendo a uma média acima de 8 % de 1957 a 1961, mesmo diante de aumento do endividamento (principalmente externo), oligopolização do mercado interno, inflação crescente e deterioração dos salários (LACERDA et al., 2010, p. 150), para um observador pouco atento, o Brasil parecia ter encontrado a saída do subdesenvolvimento dentro dos marcos do capitalismo.

Quando a indicação da fonte não está entrre parênteses, mas incluída na construção textual, as expressões apud e et al. não são utilizadas, mas sim citado por e e outros, respectivamente:

  • Vieira e outros (2021, p. 15) alertam que “os conflitos recrudescem cada vez que uma retaliação dos países nórdicos se manifesta”.
  • Mendes, citado por Souza (2000, p. 125), é outro que alega a falta de recursos para uma mudança estrutural da situação.

Sistema autor-data

A indicação da fonte pelo sistema autor-data traz o sobrenome do autor exatamente como aparece na entrada da lista de referências seguido do ano de publicação da edição citada.

Se o autor for hispânico, caso em que se indicam os sobrenomes do pai e da mãe na entrada da lista de referências, como García Marques, a indicação da fonte no corpo do texto também é “García Marques”.

Se, na referência, utilizou-se “De Certeau”, todas as chamadas apresentam o nome com a preposição.

Quando o prenome do autor vier citado no texto, nunca se usa a abreviação do prenome:

  • Michel Foucault, e não M. Foucault.

Se o autor for consagrado por um sobrenome composto, mantém-se também essa forma nas citações e referências.

  • (LIMA BARRETO, 2005, p. 18)
  • (MACHADO DE ASSIS, 1970)

A notação aparece próxima à citação, antes ou depois dela.

Quando aparece antes, a menção ao autor é feita na sentença imediatamente anterior à citação e deixa o texto menos poluído visualmente por se evitar a utilização da caixa-alta. A distância e o contexto devem estar adequados para que o leitor compreenda, sem equívocos, que aquela chamada se refere à citação, direta ou indireta, que ainda será feita.

  • A morte é a semântica fundamental da sociedade da soberania. Não é circunstancial, portanto, que Foucault (1987, p. 9), em Vigiar e punir, descreva o ritual de sacrifício em praça pública imposto ao condenado Damiens, em 1757:
    sobre um patíbulo que aí será erguido, [o condenado será] atenazado nos mamilos, braços, coxas e barrigas das pernas, sua mão direita segurando a faca com que cometeu o dito parricídio, queimada com fogo de enxofre, e às partes em que será atenazado se aplicarão chumbo derretido, óleo fervente, piche em fogo, cera e enxofre derretidos conjuntamente, e a seguir seu corpo será puxado e desmembrado por quatro cavalos e seus membros e corpo consumidos ao fogo, reduzidos a cinzas, e suas cinzas lançadas ao vento.

Se, em um mesmo parágrafo, determinado autor for citado mais de uma vez de forma sequencial, não é preciso repetir informações da chamada para a identificação da fonte. Repete-se apenas a informação que diferir daquelas dadas anteriormente.

  • O motivo pelo qual a sociedade da soberania é a regra tem relação com a afirmação de Agamben (2015, p. 126) de que a figura do soberano engendra “a simples e fática existência dos povos” como vidas nuas. Nesse contexto, é possível inferir que os campos de concentração não são um traço apenas de regimes de antemão considerados autoritários, como o nazismo, mas, também, uma regra geral. “Na medida em que foi cortado da comunidade política e reduzido à vida nua (e, ainda mais, a uma vida ‘que não merece ser vivida’), o habitante do campo é, de fato, pessoa absolutamente privada” (p. 110).

Havendo mudança de parágrafo, as informações são reiteradas, independentemente da extensão do parágrafo anterior.

Quando mais de uma referência é indicada para uma mesma citação indireta, a chamada da citação traz os sobrenomes dos autores dispostos em ordem alfabética, separados por ponto e vírgula, como orienta a NBR 10520.

O local da inserção do ano da edição da obra citada é sempre junto ao sobrenome do autor – ou logo após a citação, quando o autor já houver sido referenciado no mesmo parágrafo –, e não junto ao nome da obra que está sendo citada, caso ela tenha sido mencionada no texto.

  • Para o filósofo francês Alain Badiou, o genérico, que define em O ser e o evento, se constitui um conceito angular de sua filosofia eventual:
    Um procedimento fiel genérico imanentiza o indiscernível. Assim, a arte, a ciência, o amor e a política mudam o mundo, não pelo que nele discernem, mas pelo que nele indiscernem. E a onipotência de uma verdade não é mais do que mudar aquilo que é, a fim de que possa ser esse ser inominável, que é o ser mesmo d’o-que-é (BADIOU, 1996, p. 270).

Um ano entre parênteses após o título de um livro indica a data da primeira publicação do texto em questão , e não a data da edição consultada.
A indicação do ano da primeira publicação de um texto é em geral dispensável, pois polui a obra visualmente. Se o autor estiver utilizando esse recurso sem justificativa, elimine-o e explique a razão em balão de comentário ou em relatório enviado ao autor por e-mail.

Sistema numérico

O sistema numérico não é utilizado em livros que tenham notas de rodapé explicativas, para não confundir o leitor.

Não se coloca a numeração sobrescrita ao nome do autor, caso apareça no texto, mas sim depois da citação indireta.

O número é posto depois da pontuação que encerra a citação, se houver.

Se mais de um autor for referenciado para uma mesma citação, os números que remetem à lista de referências são separados por vírgula, sem espaço entre eles.

Se houver três ou mais indicações, que estejam organizadas sequencialmente na lista de referências, utiliza-se um hífen para ligar a primeira à última referência.

  • A atividade física está relacionada à redução do peso, à manutenção de sua perda, à prevenção de seu ganho e à melhora da aptidão cardiorrespiratória,(11,14-17) porém são necessários mais estudos sobre o tema.
  • Há associação entre níveis elevados de PAI-1 em obesos e outras condições metabólicas inerentes à síndrome de resistência à ação da insulina, como a hiperglicemia, a hiperinsulinemia e a hipertrigliceridemia de jejum, além das altas concentrações de colesterol LDL e potencial poder de hipercoagulação.(2,3)

Inserções, supressões e pontuação

Intervenções do autor do original no meio de citações diretas aparecem entre colchetes, assim como reticências indicadoras da supressão de trechos […].

Inserções

As inserções em citações fornecem alguma informação necessária ao leitor para a compreensão do trecho citado:

  • “Embora se diga que a guerra [Segunda Guerra Mundial] foi o principal fator envolvido na derrocada econômica naqueles anos, houve elementos externos que impediram que o país se recuperasse da maneira esperada”.
  • “Ninguém esperava que uma situação tão insólita fosse influenciar suas eleições [do Brasil]”.

Supressões

Não se utilizam parênteses para indicar supressões; apenas se mantém parênteses se na própria citação direta já aparecia essa marcação e não há certeza de que seja a indicação de uma supressão ou a inclusão de um trecho, ou seja, tudo que não é do autor da própria citação vem entre colchetes.

Em caso de dúvida, pede-se ao autor esclarecimento sobre o uso de reticências: são do original ou indicam supressões feitas pelo autor do texto em revisão?

Usa-se “[…]” no início e no final das citações apenas se for necessário demonstrar que não se trata do começo ou do fim do trecho citado.

A indicação de supressão no final de citações sem aspas tem lugar quando for preciso, em favor da gramaticalidade, inserir um ponto-final que não esteja na citação original e não houver fonte indicada entre parênteses depois da citação.

  • Segundo Morissawa (2004, p. 19):
    Para as editoras de porte médio, o estabelecimento de um estilo próprio e único seria fundamental no sentido não somente de dar uniformidade às suas edições como também de agilizar seus procedimentos com o texto. No caso em que elas possuem mais de uma editoria, existe sempre a possibilidade de variação estilística […].
  • Para as editoras de porte médio, o estabelecimento de um estilo próprio e único seria fundamental no sentido não somente de dar uniformidade às suas edições como também de agilizar seus procedimentos com o texto. No caso em que elas possuem mais de uma editoria, existe sempre a possibilidade de variação estilística (MORISSAWA, 2004, p.19).

Também, se o trecho que inicia uma citação estiver com letra minúscula depois de um ponto, recomenda-se, então, fazer a indicação da supressão no início do trecho. Essa lógica aplica-se a citações recuadas ou não:

  • Todo o maniqueísmo é pobre e limita a capacidade do desenvolvimento intelectual. “[…] sentimentalismo liberal e rudeza reacionária […] são igualmente fúteis” (BAUDELAIRE apud BERMAN, 1998, p. 150).
  • Concordo integralmente com Berman (1998, p. 150) quando reflete sobre a lógica de Baudelaire:
    sentimentalismo liberal e rudeza reacionária […] são igualmente fúteis. De um lado, não há como assimilar os pobres no conforto de qualquer família; de outro, não há nenhum tipo de repressão que possa livrar-se deles por muito tempo — eles sempre voltarão.

No caso de supressão de algum trecho no meio da citação, esta continua tendo sentido preservado na leitura, sem prejuízo da pontuação. No exemplo a seguir, a vírgula após a supressão indicada no meio do trecho é essencial, pois, sem ela, o trecho se tornaria agramatical:

  • não existe padrão normativo absoluto. O que vale num caso pode permanecer em aberto […], o importante é conseguir a melhor solução para cada caso. Muitas vezes a melhor solução dissolve a regra e faz a sensibilidade prevalecer sobre o rigor da norma (MORISSAWA, 2004, p. 10).

Se não for possível recuperar a citação para corrigir uma pontuação inadequada diante de uma supressão, recomenda-se separar o trecho em duas partes:

  • “O jogo de cintura refere-se ainda ao fato de que não existe padrão normativo absoluto. O que vale num caso pode permanecer em aberto” e “o importante é conseguir a melhor solução para cada caso. Muitas vezes a melhor solução dissolve a regra e faz a sensibilidade prevalecer sobre o rigor da norma” (MORISSAWA, 2004, p. 17).

Pontuação

Nas citações, o ponto final vem após os parênteses de chamada da reticência, não no final da frase, após as aspas.

Se a fonte da citação estiver indicada ao final desta, coloca-se a pontuação (ponto-final, vírgula, interrogação), quando houver, sempre depois de fechar parênteses.

  • “Para as editoras de porte médio, o estabelecimento de um estilo próprio e único seria fundamental […]. No caso em que elas possuem mais de uma editoria” (MORISSAWA, 2004, p. 19), os profissionais devem estar preparados para a diversidade dos pontos de vista.
  • “Todavia, se […] não existem escolas para formar preparadores, de onde se extrai esse elemento de funções tão específicas e complexas” (MORISSAWA, 2004, p. 14)? Essa é uma pergunta difícil de responder.

Quando a citação direta entre aspas é parte de uma sentença, a pontuação:

a. é colocada após o fechamento das aspas se for igual na citação originalmente e no texto que está sendo redigido:

  • Morissawa (2004, p. 14) afirma que: “O bom senso constitui imperativo da condição de preparador, mantendo-o preso à objetividade com que deve conduzir seu trabalho”.
  • De onde o preparador extrai informações – questiona Morissawa (2004, p. 14) – “se está claro que, pelo menos até o presente momento, não existem escolas para formar preparadores”?

b. é mantida como no original, quando tem alguma função enunciativa (dúvida, emoção, reflexão) e é diferente daquela do texto que está sendo preparado:

  • Morissawa (2004, p. 14) lança a pergunta-chave – “se […] não existem escolas para formar preparadores, de onde se extrai esse elemento de funções tão específicas e complexas?” – e dá a resposta logo a seguir.
  • Morissawa (2004, p. 14) lança a pergunta: “se […] não existem escolas para formar preparadores, de onde se extrai esse elemento de funções tão específicas e complexas?”. A resposta é dada logo a seguir.
  • É então que a prosa de Braga (2013, p. 421) segue um inadvertido rumo: “Você vinha às vezes jantar, sempre assim, de paletó e sem gravata. Sentava calado, com a cara meio triste, um ar sério. Eu me lembro muito bem. Eu tinha seis anos…”.

Se a citação terminada originalmente por ponto se constitui de frases independentes no texto e não houver chamada de referência entre parênteses no final, o ponto é inserido dentro das aspas.

  • “Só a mais radical construção da sociedade moderna poderia começar a cicatrizar feridas.” Ao ler essa frase escrita por Berman (1998, p. 150), muitas reflexões vieram à tona.
  • O profissional não pode mudar o texto porque achou uma palavra “feia”, se ela está adequada ao texto. “O bom senso constitui imperativo da condição de preparador, mantendo-o preso à objetividade com que deve conduzir seu trabalho.” Isso é o que diz Morissawa (2004, p. 16) em Editoração: arte e técnica.
  • Às vezes acaba recaindo sobre o preparador a função de redigir muitas partes do texto. “Todavia, se está claro que, pelo menos até o presente momento, não existem escolas para formar preparadores, de onde se extrai esse elemento de funções tão específicas e complexas?” A pergunta lançada por Morissawa (2016, p. 14) é respondida no texto logo a seguir.

A inicial maiúscula – se assim está no original – de uma citação direta é mantida ou não de acordo com a conveniência do texto que se está preparando :

  • No poema “Ao leitor”, de As flores do mal, Charles Baudelaire (1857, tradução nossa) diz: “Hipócrita leitor, meu igual, meu irmão”.
  • Para Cunha (2013, p. 85), “compreender e admitir são um desafio” nas questão familiares.
  • O feminismo está ligado à luta de classes, pois “uma mulher pobre, atrelada à família, não tem qualquer liberdade de movimento” (BERMAN, 1998, p. 58) e vive submetida aos caprichos masculinos.
  • A arte é uma das maneiras de atualização de sistema no mundo. Funciona de maneira lenta, mas é eficaz. Suas extrapolações levam o homem à reflexão — “os governantes não gostam disso, mas é de supor, que a longo prazo, não poderão fazer nada” (BERMAN, 1998, p. 121) — que os liberta do jugo do conservadorismo.

No texto de Cunha e nos dois de Berman, os excertos, quanto à letra maiúscula, estão grafados respectivamente assim: Compreender e admitir são um desafio; Uma mulher pobre, atrelada à família, não tem qualquer liberdade de movimento; e Os governantes não gostam disso, mas é de supor, que a longo prazo, não poderão fazer nada

Citação de poesias

A citação de poesias que ocupem menos de três linhas é feita tanto no corpo do texto como destacadas, de acordo com a opção do autor.

Se a citação é recuada, a indicação da fonte é colocada em outra linha, sem ponto-final, e não ao final de um verso.

A pontuação da poesia fica exatamente como aparece no texto original.

  • vai ter uma festa
    que eu vou dançar
    até o sapato pedir pra parar.

    aí eu paro
    tiro o sapato
    e danço o resto da vida.
    (CHACAL, 2017)

Quando no corpo do texto, os versos aparecem de forma corrida, entre aspas e separados um do outro por barra.

A mudança de uma estrofe para outra é indicada com o uso de duas barras.

Não se coloca espaço antes da barra, só depois dela.

  • Em Breve antologia da poesia engraçada, Chacal confronta os desafios: “vai ter uma festa/ que eu vou dançar/ até o sapato pedir pra parar.// aí eu paro/ tiro o sapato/ e danço o resto da vida”. No livro, há outra poesia do autor.

Se, no texto, o verso de uma poesia ocupar mais de uma linha, a partir da segunda linha, abre-se um colchete antes do verso, que é recuado, com a régua, até a última palavra se aproximar da margem direita da página.

A indicação de supressões em uma poesia é feita respeitando-se a posição do elemento suprimido.

a. supressão de estrofe

  • em citação recuada:

    Não comerei da alface a verde pétala

    Não comerei da alface a verde pétala
    Nem da cenoura as hóstias desbotadas
    Deixarei as pastagens às manadas
    E a quem aprouver fazer dieta.

    […]

    Não nasci ruminante como os bois
    Nem como os coelhos, roedor; nasci
    Omnívoro; deem-me feijão com arroz

    E um bife, e um queijo forte, e parati
    E eu morrerei feliz, do coração
    De ter vivido sem comer em vão.
    (MORAES, 2017)
  • em citação não recuada:
    Vinícius de Moraes (2017) tem um soneto em que trata de seus gostos alimentares: “Não comerei da alface a verde pétala/ Nem da cenoura as hóstias desbotadas/ Deixarei as pastagens às manadas/ E a quem aprouver fazer dieta.// […]// Não nasci ruminante como os bois/ Nem como os coelhos, roedor; nasci/ Omnívoro; deem-me feijão com arroz”.

b. supressão de versos:

  • Não comerei da alface a verde pétala
    […]
    Deixarei as pastagens às manadas
    E a quem aprouver fazer dieta.
    (MORAES, 2017)

c. supressão de parte de versos:

  • Não nasci ruminante […]
    Nem […] roedor […]
    Omnívoro; deem-me feijão com arroz
    (MORAES, 2017)

Em versos inteiros e sequenciais, no corpo do texto ou destacados, não se põem reticências entre colchetes na mesma linha, nem no início nem no final da citação.

As normas em citação de poesias são igualmente válidas para letras de canção.

Citação da bíblia

As citações da Bíblia seguem os mesmos padrões de qualquer outro livro.

  • (BÍBLIA, 1993, p. 1482)
  • (LEVÍTICO, 1993, p. 154)

É comum, entretanto, que os autores façam citações empregando o modelo de chamada utilizado em textos religiosos, sem indicar a página exata do trecho na edição consultada, mas sim o número do capítulo e dos versículos.

Nesse caso, a fim de evitar o trabalho de identificação das páginas corretas, a chamada de citação, em vez de indicar a página, segue o padrão de indicar o nome do livro abreviado e separar capítulo de versículos com dois-pontos, sem espaço.

  • (BÍBLIA, 2001, Lv 12:6-7)
Abreviatura dos livros bíblicos 
AbdiasAb
AgeuAg
AmósAm
ApocalipseAp
AtosAt
BarucBr
Cântico dos CânticosCt
ColossensesCl
1ª Coríntios1Cor
2ª Coríntios2Cor
1º Crônicas1Cr
2º Crônicas2Cr
DanielDn
DeuteronômioDt
EclesiastesEcl
EclesiásticoEclo
EfésiosEf
EsdrasEsd
EsterEst
ÊxodoEx
EzequielEz
FilêmonFm
FilipensesFl
GálatasGl
GênesisGn
HabacucHab
HebreusHb
IsaíasIs
JeremiasJr
João, Evangelho segundoJo
1ª João1Jo
2ª João2Jo
3ª João3Jo
JoelJl
JonasJn
JosuéJs
JudasJd
JuditeJt
JuízesJz
LamentaçõesLm
LevíticoLv
Lucas, Evangelho segundoLc
1º Macabeus1Mc
2º Macabeus2Mc
MalaquiasMl
Marcos, Evangelho segundoMc
Mateus, Evangelho segundoMt
MiqueiasMq
NaumNa
NeemiasNe
NúmerosNm
OseiasOs
1ª Pedro1Pd
2ª Pedro2Pd
ProvérbiosPr
1º Reis1Rs
2º Reis2Rs
RomanosRm
RuteRt
SabedoriaSb
SalmosSl
1º Samuel1Sm
2º Samuel2Sm
SofoniasSf
1ª Tessalonicenses1Ts
2ª Tessalonicenses2Ts
TiagoTg
1ª Timóteo1Tm
2ª Timóteo2Tm
TobiasTb
ZacariasZc

Fica a critério do autor qual edição será utilizada, mas, conforme o contexto em que a citação é feita, se houver diferenças marcantes com relação às edições mais reconhecidas, e essa diferença for objeto relevante no texto, alerta-se o autor sobre outras traduções.

Transcrição de falas, depoimentos, entrevistas

Na transcrição de textos falados, como entrevistas, depoimentos e outros dados orais transcritos, utilizam-se as mesmas regras da citação de textos escritos, preservando-se, de acordo com a preferência do autor, marcas de oralidade, porém é preciso ter bom senso na transcrição de falas.

Não há sentido em transcrever pronúncias equivocadas de palavras (como “pobrema”, em lugar de “problema”), se isso não contribuir de alguma maneira para a análise do relato dado.

O preparador precisa aguçar a sensibilidade para verificar se a pontuação transmite adequadamente o sentido da fala.

É comum que, nas transcrições, utilizem-se muitas vírgulas, quando, para a correta compreensão do texto, o ideal seria haver um ponto ou, pelo menos, um ponto e vírgula. Outras vezes, a vírgula aparece indicando pausas na fala, mas, que transcritas, dificultam a correta interpretação do texto.

A seguir há exemplo de uma transcrição feita por um autor, seguida de uma pequena adequação da escrita:

*Texto original*
  • “Dos que passa aqui, o Marcinho. Ele para, entendeu, ele tá lá na pracinha, vai na padaria pede alguma coisa ou pede um cigarro pra quem tá passando. A pessoa que é mais espontânea, no caso, seria ele, ele chega, brinca, conversa” (Amélia, vendedora, 27 anos).
  • Texto modificado:
    “Dos que passam aqui: o Marcinho. Ele para, entendeu? Ele tá lá na pracinha, vai na padaria, pede alguma coisa ou pede um cigarro pra quem tá passando. A pessoa que é mais espontânea, no caso, seria ele; ele chega, brinca, conversa” (Amélia, vendedora, 27 anos).

A identificação do interlocutor, quando é feita, virá ao final da citação, entre parênteses e em itálico e é padronizada ao longo do texto.

No exemplo anterior, a interlocutora foi identificada por nome, profissão e idade; se houver outras citações da mesma pessoa, a identificação é feita de forma idêntica ou, se isso tornar cansativa a leitura, as informações são inseridas no texto, antes da primeira transcrição de fala, e, nas próximas citações, adiciona-se só o nome da emissora na identificação da fonte:

  • Amélia (vendedora, 27 anos) identifica um dos moradores da residência como mais extrovertido que os outros: “Dos que passam aqui: o Marcinho. Ele para, entendeu? Ele tá lá na pracinha, vai na padaria, pede alguma coisa ou pede um cigarro pra quem tá passando. A pessoa que é mais espontânea, no caso, seria ele; ele chega, brinca, conversa”.
  • Os moradores do bairro confirmam que não estabelecem laços com eles. “A gente não tem, assim, uma relação muito aproximada” (Amélia).

A citação de anotações de aula, palestras, conferências etc. que não estão registradas em alguma publicação escrita ou audiovisual é feita com o cuidado de preservar o sentido do que foi dito pelo emissor.

Informações obtidas dessa forma não geram uma entrada na lista de referências; faz-se, no corpo do texto, menção ao local, ao ano e ao contexto (nome do evento, conferência, disciplina, reunião) em que as falas foram emitidas.

As aspas, que indicam citação direta, não são utilizadas nesses casos, se a transcrição não for exata.

  • Guilherme Kroll, editor da Balão Editorial, no curso de Produção Editorial oferecido, na modalidade EAD, pela empresa LabPub em 2019, insiste na necessidade de se assinar o contrato de edição antes de o trabalho de produção ser iniciado.

Citações em outras línguas

Se existe versão reconhecida da obra editada em português, a citação sempre é a da edição traduzida. Caso o autor faça questão, o texto original aparece em nota de rodapé entre aspas, formatado em itálico, com sua respectiva referência. Nesse caso, os dois livros são indicados na lista de referências.

Na citação de obras estrangeiras clássicas, sobretudo de ficção, usa-se preferencialmente uma tradução renomada, em vez de uma tradução feita pelo autor do original, a não ser, é claro, que a ênfase da citação repouse especificamente na tradução que se fez dela.

Para as citações em outras línguas, é recomendável se certificar de que foram transcritas corretamente. Para isso, se possível, o original é consultado. Na impossibilidade de consultá-lo, a correção dos termos em língua estrangeira é verificável copiando e colando a citação no Google. Se alguma palavra, estiver mal redigida, em geral, ela ficará em destaque.

É importante ler textos traduzidos pelo autor acompanhando o original para conferir tanto passagens da tradução que porventura causem estranheza quanto a digitação de trechos em outros idiomas, títulos, nomes próprios, dados bibliográficos, fórmulas, números etc.

É responsabilidade do preparador verificar se o autor digitou corretamente palavras em outros idiomas, nomes, números etc.

O conhecimento, ainda que superficial, de outras línguas ajuda o preparador a prezar pela correção textual. A Edufes tem à disposição dos profissionais alguns dicionários bilíngues, mas a internet, atualmente, é a aliada mais eficaz nesse trabalho. Às vezes, utiliza-se o próprio Word como auxiliar nessa tarefa. Atribuindo-se o idioma correto à citação em questão, o programa indica que há algo equivocado na escrita do texto, porém a ferramenta é limitada a alguns idiomas.

A Editora recomenda que o original seja escrito em português na sua integralidade. Assim, citações em língua estrangeira são traduzidas no corpo do texto, porém poemas e letras de canção geralmente são mantidos no idioma original, com a tradução, se convier, no rodapé.

Se o autor fizer questão de transcrever a citação original, seja porque a língua em questão é objeto de seu estudo, seja porque as traduções no corpo do texto não estão oficialmente publicadas e o autor prefere deixar ao leitor a possibilidade de verificar o texto original, a citação em língua estrangeira ficará em itálico.

Na nota de rodapé, ela é transcrita com aspas, mas sem indicação de fonte, no caso de coincidir com a fonte da tradução feita no corpo do texto, onde já constarão as informações da obra.

As traduções não publicadas são acompanhadas, após sua chamada, da notação “tradução nossa / tradução minha / tradução de [nome do tradutor]”. É exatamente este termo que trará o indicativo da nota de rodapé quando o trecho em língua estrangeira for incluído.

No texto:

  • “O sucesso da obra se explica pela sua dupla finalidade: vulgarizar a ciência e a técnica; proceder a uma crítica das instituições em nome da natureza, da razão e da humanidade” (SALOMON, 1964, p. 221, grifos do autor, tradução nossa(1)).

Na nota de rodapé:

  • (1) “Le succès de l’œuvre s’explique par son double but: vulgariser la science et les techniques; procéder à une critique des institutions au nom de la nature, de la raison e de l’humanité.”

Grifos

Quando o autor do original submetido à Editora faz destaques na citação direta, isso é informado com a expressão “grifo nosso / grifo meu”, após a chamada.

Se houver indicação de que se trata de tradução, a informação do grifo vem antes dela.

Se o destaque em uma citação for do próprio autor da citação, é facultativo informar com a expressão “grifo do autor”, porém é indispensável manter um padrão: ou se informa em todas as ocorrências os grifos feitos pelo autor do original, ou não se informa isso em nenhuma parte do texto.

  • “Ele nunca foi à Grécia” (SALOMON, 1964, p. 268, grifo meu, tradução livre).

Mais uma vez, reitera-se que os grifo utilizado preferencialmente na Edufes é o itálico.

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