Em um dos ensaios deste livro, Wilberth Salgueiro afirma tratar-se a poesia brasileira contemporânea de [a] uma produção solipsista, centrada nos acontecimentos singulares da vida do sujeito que escreve –ensimesmada; de [b] uma produção indiferente a questões de cunho político, social, coletivo –desengajada; de [c] uma produção em que é rara a presença crítica do humor –desengraçada; de [d] uma produção que, além de se encastelar em alusões a herméticos acontecimentos da vida do autor, excede em jogos e torneios metapoéticos –autotélica. Decerto, para cada um desses aspectos, haverá linhas de fuga, de diferença, de exceção: é em torno de tais poetas e poemas que, basicamente, os estudos aqui reunidos orbitam.
Há reflexões acerca da produção poética a partir dos anos 1980 e da crítica de poesia contemporânea; das relações entre poesia e testemunho, poesia e cinema, poesia e infância; de poemas e obras de Drummond, Chacal, Sérgio Sampaio, Alex Polari, Luis Fernando Verissimo, Paulo Leminski, Paulo Ferraz, Nicolas Behr, Glauco Mattoso, Leila Míccolis, Lino Machado. Os temas mais investigados, ao longo dos ensaios, são as formas de violência, a necessidade do testemunho, o recurso do humor e a arte como resistência.
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